Relacionamentos amorosos envolvendo pessoas com TEA

Posted on 13 de junho de 2019 by Admin 

Pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) experimentam várias dificuldades, incluindo relacionamentos românticos. Pesquisas nessa área sugerem que, comparados à população em geral, aqueles com TEA têm nível similar de interesse romântico, mas menos sucesso e menor índice de satisfação em conexões românticas. Uma pesquisa conduzida recentemente explorou esse tema.O estudo teve como objetivo identificar caminhos para uma experiência positiva nos relacionamentos e como estes problemas podem diferir entre autistas e indivíduos da população em geral. A pesquisa explorou quatro aspectos da experiência de relacionamentos românticos: nível de interesse, oportunidades de desenvolver relacionamentos, duração dos mesmos e preocupação com o futuro dos relacionamentos.Para a pesquisa foram recrutados 459 indivíduos de várias partes do mundo, dos quais 232 tinham TEA de alto funcionamento. Essas pessoas responderam a uma bateria de testes incluindo o Sexual behavior scale (3ª edição).A pesquisa revelou que comparados a indivíduos da população geral, as pessosas com TEA reportaram um nível semelhante de interesse em relacionamentos, mas alegaram ter menos oportunidades para encontrar potenciais novos parceiros. Curiosamente, ter menos sintomas de TEA não parece aumentar a probabilidade de estar em uma relação. As razões para isso não são claras. O menor número de relacionamentos  pode ser explicado por menos oportunidades de novos contatos.

As pessoas com TEA reportaram uma duração de relacionamento mais curta e uma preocupação maior sobre seus relacionamentos futuros. Além disso foram reportados também altos níveis de ansiedade pelas pessosas com TEA quando encontram ou conhecem alguém novo que os interessam.

O engajamento social entre pares foi apontado como elemento chave que está presente na raiz das dificuldades das pessoas com TEA e seus problemas de relacionamento, tanto para homens como mulheres. Além disso, aqueles com TEA afirmaram que aprenderam menos sobre sexualidade com seus colegas e experimentaram maior ansiedade ao encontrar um parceiro em potencial, bem como no início do relacionamento em relação aos controles.

O estudo identificou alguns fatores e caminhos que podem levar à melhora dos relacionamentos entre aqueles com TEA. Considerar as taxas de emprego e ingresso no ensino superior , por exemplo, é um fator importante, já que ambos fornecem oportunidades para expandir contatos sociais e encontrar potenciais parceiros. A literatura sugere que indivíduos com TEA podem ter menos de ambas as oportunidades. Nas populações controle (sem TEA), 40% dos empregados relataram ter ou ter tido romance no local de trabalho atual . Medidas das taxas de emprego entre a comunidade autista tem sido consistentemente baixa; apenas um terço tem emprego atual e metade nunca teve . As taxas de envolvimento no ensino superior também são baixas, com 34% dos adultos jovens com TEA tendo cursado a faculdade, além de 9,3% que frequentou formação profissional ou técnica . Isso é comparado a 56% dos adultos jovens na população em geral . Portanto, os indivíduos no espectro do autismo tem menor probabilidade de serem empregados ou cursar ensino superior, tendo assim menos oportunidades de conhecer novas pessoas, incluindo potenciais parceiros.

O envolvimento social com amigos e colegas parece desempenhar papel importante e está diretamente relacionado ao nível de dificuldade em se engajar em relações amorosas. A pesquisa revelou que este fator é mais importante até mesmo do que o nível de habilidades sociais. Esse envolvimento com amigos e colegas gera oportunidades de aprendizado informal com e aumenta a confiança na interação com potenciais parceiros.

Em suma o estudo contribuiu para apontas possíveis fontes de dificuldades em relacionamentos amorosos envolvendo pessoas com TEA e possíveis caminhos para atenuá-las. No entanto, mais pesquisas nesse sentido são necessárias.

 

Hancoc, G. Stokes, M.A. ; Mesibov, G. Differences in Romantic Relationship Experiencesfor Individuals with an Autism Spectrum Disorder Sexuality and Disability

Differences in Romantic Relationship Experiences for Individuals with an Autism Spectrum Disorder